Considerada uma das ferramentas mais importantes do mundo das artes, a tinta passou por diversas melhorias e modificações para facilitar o trabalho dos artistas. A tinta a óleo, por exemplo, é diluída em outros materiais para criar novas consistências e ampliar as possibilidades de criação artística.
E apesar de ser uma das técnicas mais tradicionais de pintura, a tinta a óleo pode gerar algumas dúvidas em quem ainda não está tão familiarizado com o uso desse material e seus processos de diluição.
Afinal, este tipo de tinta pode ser misturada com diversos outros materiais, que vão desde produtos específicos, como os solventes, até óleos vegetais.
Se você deseja conhecer mais sobre a tinta a óleo e entender como realizar a diluição desse material, continue acompanhando o artigo que preparamos.
Uma breve história da tinta a óleo
A origem da tinta a óleo ainda não foi completamente esclarecida pelos estudiosos. Enquanto muitas referências atribuem o desenvolvimento e utilização do material aos irmãos Van Eyck, pintores flamengos do século XV, alguns estudos mostram que a tinta a óleo já era utilizada em pinturas budistas de povos indianos e chineses entre os séculos V e X.
No século VII, por exemplo, povos budistas da atual região do Afeganistão utilizavam uma tinta a óleo feita a base de nozes e sementes de papoula para criar desenhos rupestres.
Mas apesar da origem antiga, a tinta a óleo só se popularizou devido ao uso por pintores espanhóis e holandeses durante o século XV. Nesta época, a pintura a óleo ganhou mais notoriedade, tornando-se a principal técnica para a criação de novas obras.
Ainda neste período, os artistas fabricavam seus próprios materiais, incluindo as tintas, que eram feitas a partir da mistura de óleo e pigmentos (compostos de minerais ou vegetais pulverizados).
Como mencionamos no início do artigo, a tinta a óleo passou por modificações, visando garantir um material de melhor qualidade para o uso artístico. Contudo, hoje em dia, a produção das tintas a óleo tradicionais ainda segue a mesma essência do passado.
Na fabricação da tinta, o pigmento é misturado com óleo de linhaça — ou óleo de cártamo, em alguns casos — e passa por um processo de moagem, muitas vezes manual. Já as tintas de melhor qualidade são produzidas por meio de uma variedade de métodos de moagem.
Aspectos como o tipo de óleo escolhido e a quantidade a ser utilizada são definidos de acordo com as características de cada pigmento.
Características da pintura a óleo
A preferência de muitos artistas pela pintura a óleo pode ser explicada pelas diversas características que a tinta a óleo oferece, que facilitam o trabalho e proporcionam maior liberdade de criação.
Confira algumas particularidades interessantes da pintura a óleo:
1. Longo tempo de secagem
Uma das principais vantagens da pintura com tinta a óleo é o tempo de secagem maior.
Levando de um dia até uma semana para secar, dependendo da espessura da camada de tinta e da reação de cada pigmento à mistura do óleo, a pintura a óleo possibilita ao artista fazer correções de maneira simples.
Para isso, basta retirar a camada de tinta com uma espátula e limpar a superfície da tela com um pano umedecido em solvente.
E mesmo que a pintura esteja totalmente seca, ainda é possível acrescentar ou apagar algum detalhe e melhorar o trabalho apenas pintando por cima da tinta seca.
2. Maior flexibilidade de trabalho
Por ser uma técnica que oferece grande flexibilidade e versatilidade em relação à consistência, brilho, textura e tempo de secagem, a pintura a óleo proporciona certa liberdade criativa.
A demora da secagem, por exemplo, permite que o artista tenha um tempo de trabalho prolongado para explorar a criação de texturas, a sobreposição de camadas, entre outros efeitos.
Além disso, a tinta a óleo facilita a captação de expressões e pequenos detalhes.
3. Permanência e durabilidade
Desde que sejam utilizadas tintas de melhor qualidade, a pintura a óleo oferece uma boa durabilidade.
Isso porque as melhores tintas possuem uma combinação ideal de pigmento e excipiente, permitindo que o óleo seque de maneira adequada e formando uma película que, sob as condições certas, poderá resistir por muitos anos.
4. Profundidade de cores
O óleo de linhaça moído corretamente pode concentrar uma grande quantidade de pigmento, o que permite aproveitar ao máximo a capacidade de transparência ou opacidade de cada tonalidade.
Além disso, a propriedade refrativa do óleo confere uma grande profundidade à cor em comparação com tonalidades obtidas com qualquer outro tipo de aglutinante.
As grandes obras da pintura a óleo
A pintura com tinta a óleo é uma das técnicas mais tradicionais do universo artístico, utilizada para criar grandes obras que marcaram a história e são referência até os dias de hoje.
Confira as pinturas a óleo mais famosas e admiradas em todo o mundo:
1. Mona Lisa
Batizada originalmente de “La Gioconda”, a Mona Lisa é considerada uma das pinturas mais famosas e valiosas do mundo.
Pintada a óleo sobre madeira, por Leonardo da Vinci, entre 1503 e 1506, a obra é cercada de teorias e mistérios, que fazem dela um dos objetos mais estudados do mundo.
Uma das hipóteses está relacionada à figura feminina retratada na imagem, que muitos historiadores acreditam ser a esposa de Francesco del Giocondo, um comerciante de Florença, na Itália.
2. O Nascimento de Vênus
Pintada por Sandro Botticelli, em 1483, O Nascimento de Vênus foi a primeira obra renascentista a abordar um tema mitológico e laico, não focado na arte sacra (relacionada com a religiosidade e o sagrado).
Se afastando de qualquer erotismo, a pintura retrata a chegada de Vênus à terra, sugerindo delicadeza e pureza.
3. A Noite Estrelada
Considerada uma das obras mais emblemáticas de Vincent Van Gogh, A Noite Estrelada foi pintada com a técnica de óleo sobre tela, em 1889, enquanto o artista estava internado em um hospício.
Com formas espirais e cores marcadas, a pintura retrata uma mistura da paisagem que Van Gogh observava da janela do seu quarto com imagens de sua mente.
4. O Grito
A obra O Grito, de Edvard Munch, possui quatro versões diferentes. A primeira delas, pintada com a técnica de óleo sobre tela, em 1893, é a versão mais conhecida do artista.
Esta pintura é considerada por muitos a obra que marcou o início do movimento expressionista, pois apresenta traços expressivos e cores fortes que transmitem dor e sofrimento.
5. Guernica
Representando a obra mais famosa do Cubismo, Guernica foi pintada por Pablo Picasso, fundador do movimento, em 1937, e traz características marcantes como a geometrização de formas naturais.
A obra também é conhecida pelo forte apelo social e político, uma vez que a tela é uma resposta ao bombardeio de Guernica, na Espanha, e retrata o sofrimento de pessoas e animais, e a destruição causada pela guerra.
Por que diluir a tinta a óleo?
A tinta a óleo pode ser utilizada nos trabalhos artísticos tanto em sua forma “original”, mais espessa, quanto diluída.
A alteração das características naturais do material vai depender, principalmente, do objetivo do artista e do resultado pretendido com a pintura. Isso porque a diluição modifica a consistência da tinta, sendo mais indicada, portanto, para trabalhos com uma aparência “líquida”.
Já a tinta não diluída é recomendada para pinturas com efeito opaco ou que utilizam a técnica de impasto.
A diluição deve ser feita quando o artista deseja alterar as características originais da tinta, seja por necessidade da técnica escolhida ou por preferência estética, melhorando alguns aspectos, como:
- alastramento (facilidade em espalhar a tinta na tela);
- assentamento (a tinta assenta na tela de modo mais uniforme e nivelado);
- definição (as pinceladas se tornam mais definidas, criando marcas fortes e bem recortadas);
- transparência (possibilita a interação entre diferentes cores e camadas de tinta transparentes).
O que usar para diluir tinta a óleo?
A tinta é considerada um dos materiais básicos da pintura a óleo, essencial para a realização desse tipo de trabalho artístico. Já os líquidos utilizados para alterar o comportamento da tinta são chamados de “auxiliares”.
Existem diferentes opções de auxiliares que podem ser usados para diluir a tinta a óleo. Contudo, é importante ressaltar que cada substância reage de uma maneira diferente com a tinta, alterando algumas características originais do pigmento.
Confira algumas opções de auxiliares que podem ser utilizados para diluir a tinta a óleo:
- Óleo vegetal
Existem diversos óleos vegetais usados na pintura com tinta a óleo, e dentre as opções, o óleo de linhaça é o material mais utilizado.
Os óleos utilizados na diluição fazem com que a tinta fique mais brilhante e mais fácil de espalhar na tela. Porém, a substância aumenta o tempo de secagem e deixa a tinta líquida por um longo período.
A adição de óleos vegetais é indicada para processos de pintura mais lentos, que exigem mais tempo para mesclar as cores ainda úmidas e criar gradientes suaves.
- Solvente
Solventes como a terebintina facilitam o alastramento da tinta, mas tornam o pigmento mais opaco e evaporam com facilidade.
Dessa maneira, após a evaporação do solvente, a tinta a óleo volta a apresentar sua característica original de alastramento.
O uso de solventes é indicado para processos rápidos e técnicas de pintura mais diretas e dinâmicas.
A diluição da tinta a óleo
Como você conferiu anteriormente, a diluição modifica as características originais da tinta a óleo, trazendo melhorias em diversos aspectos e facilitando o uso de determinadas técnicas de pintura.
Para melhorar o alastramento e facilitar a aplicação da tinta na superfície, é necessário diluir o pigmento com grandes quantidades de auxiliares.
Mas atenção: é sempre mais indicado adicionar aos poucos pequenas quantidades do auxiliar escolhido, até atingir a consistência desejada.
O uso em excesso de óleo de linhaça ou qualquer outro óleo vegetal, por exemplo, pode provocar o amarelamento excessivo do trabalho e prolongar demais o tempo de secagem, resultando na adesão de poeiras e outros resíduos que estão no ambiente à superfície da tela ou até mesmo no escoamento da tinta.
Dessa forma, para evitar complicações durante a pintura, a diluição da tinta a óleo deve ser feita em etapas, sempre adicionando os auxiliares em quantidades menores e observando o comportamento da tinta durante o processo.
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