O que são lápis de esboço?

Quando pensamos em esboço, nos vem logo à mente um desenho feito à lápis, sem muita definição, que depois será coberto ou substituído por linhas definitivas e mais bem-acabadas. Para esboços feitos sobre papel, utiliza-se normalmente os lápis de desenho, feitos de grafite (aqueles que têm diferentes graduações, de 9H a 9B, via de regra). Fáceis de serem apagados, em especial os da família H, os lápis de grafite são os prediletos da maioria dos desenhistas. Mas este não é o único tipo de lápis – ou de material – que se pode usar no esboço.

Imagine, por exemplo, que a superfície na qual você vai desenhar não é o papel, mas uma tela de pintura. O tecido, geralmente feito de algodão, comporta-se de maneira diferente da celulose (que é a base da fabricação de papel) ao contato com o grafite; mais absorvente, o algodão, ainda que tratado para receber tinta, carece de cuidados com o momento do desenho que servirá de base para a pintura. É preciso que o material utilizado não apareça sob a tinta, para que não prejudique o resultado final da arte. Então, o que fazer? Usa-se, nesses casos, os lápis de esboço, também conhecidos como crayons para desenho.

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De consistência parecida com a do pastel, os chamados lápis de esboço são mais macios, e os traços criados com eles são melhor cobertos pela tinta. Vale lembrar que, assim como no desenho feito com grafite, é sempre mais fácil cobri-los se o traço for suave, ou seja, feito com a mão “leve”. Caso seja necessário apagar ou suavizar a intensidade do desenho, basta utilizar o limpa-tipos (espécie de borracha com consistência que lembra uma massinha de modelar). Este material absorve parte do grafite, pastel ou carvão, reduzindo as chances de que o esboço apareça em meio à pintura final.

Os lápis de esboço mais usados são os de cor sépia (marrom escuro), sépia claro (marrom claro), sanguínea (marrom avermelhado, quase tom de argila), e cinza claro. Esses matizes são muito usados por serem suaves, portanto, fáceis de “desaparecer” debaixo de camadas de tinta.

Porém, nem só para isso servem esses lápis. Muitos artistas os usam como instrumento de desenho, substituindo o lápis convencional. Não à toa, desenhos esquemáticos feitos por Leonardo Da Vinci em sanguínea são tão admirados quanto suas mais belas e famosas pinturas, graças à beleza que o material confere ao desenho.

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Esboço da Santa Ceia em Sanguínea feito por Leonardo Da Vinci

A sanguínea é uma pedra muito forte e compacta, que ficou popular entre artistas italianos, principalmente na cidade de Florença, a partir do século XVI, durante o Renascimento. Não só Leonardo a utilizou para desenhar; Michelangelo fez grande uso deste material para esboçar os afrescos da Capela Sistina, sua obra magistral. A sanguínea foi também a ferramenta preferida do francês Watteau na criação de seus desenhos de cenários, roupas e modelos, no século XVIII.

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Esboço feito em Sanguínea pelo pintor francês Antoine Watteau

A cor sépia tem origem na tinta retirada da vesícula dos moluscos, de tonalidade parecida com a do bistre (tinta castanha de tonalidades quentes, feita a partir de fuligem retirada das chaminés), que começou a ser usada para desenho no século XIX.

Esboço do quadro Cabeças Grotescas, feito em Sépia por Leonardo Da Vinci

Esboço do quadro Cabeças Grotescas, feito em Sépia por Leonardo Da Vinci

Já com o carvão (que pode ser também considerado um crayon para esboço) é possível tanto traçar linhas quanto executar sombras. Dürer, na Renascença, e Ernst Barlach, em princípios do século XX, estão entre os mais importantes artistas a fazerem uso do carvão como material de desenho.

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Quadro paisagem com canhão, feito em carvão pelo pintor alemão Albrecht Durer

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