Brilhante e perigoso: conheça a história de Caravaggio

O pintor Michelangelo Merisi (Amerighi), ou como ficou popularmente conhecido: Caravaggio, foi uma das maiores influências do barroco italiano, movimento com fortes influências religiosas.

Caravaggio nasceu em uma época em que a igreja era a verdade, por isso a predominância das técnicas de chiaroscuro eram utilizadas pelo pintor em suas obras, para tirar o foco dos homens, e voltá-los para o divino.

Contudo, ele não queria seguir essas tendências e trabalhou de forma inusitada, a partir os efeitos que dava aos quadros, criou outra técnica chamada de tenebrismo, movimento em que os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.

Quem foi Caravaggio?

Nascido em Ducado de Milão, no dia 29 de setembro de 1571, não há informações a respeito da sua mãe. Relatos e documentos apontam que seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio.

A origem do comportamento lascivo que levou ao longo da vida pode ser proveniente de um trauma durante a primeira infância, pois a peste bubônica afetou sua cidade, matando seu pai e praticamente todos os homens de sua família. Assim Caravaggio foi educado por mulheres religiosas com as quais não se identificava e, criou ojeriza a religião, crescendo contencioso e agressivo.

Entretanto, mesmo sem um pai vivo ou presente, não lhe faltaram recursos para crescer, houve inclusive uma forte influência de seu sobrenome, o que contribuiu para que ele pudesse atuar em uma cena artística romana em 1600. E, desde seu sucesso neste ato, nunca lhe faltaram comissões ou patronos.

Mas, o dinheiro, que poderia promover conforto financeiro e permitir que esse artista encontrasse a estabilidade emocional foi usado de modo libertino. Ele lidou com seu sucesso de maneira atroz e não se interessava por constituir uma família ou investir algo tangível. Durante sua carreira, entre os anos de 1593 e 1610, atuou em diversos países tais como a Itália, Roma, Nápoles, Malta e Sicília.

As consequências de seu comportamento

Por seu gênio difícil e a forma turbulenta como levava a vida, Caravaggio é atualmente, considerado pelos historiadores como um dos personagens mais enigmáticos, fascinantes e perigosos da história da pintura.

Como vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro, buscava brigas nos pulgueiros da cidade para obter lucro, fez isso com mais frequência ao longo dos últimos anos de sua vida.

O mais notório horripilante desses relatos, é a respeito de uma briga em Roma, durante os meados de 1606, na qual Caravaggio decapitou seu adversário e levou a cabeça como prêmio.

Os anos seguintes não foram diferentes em relação às brigas, por isso ele seguiu fugindo por Nápoles e Malta. Seu comportamento inconsequente abrangia também suas obras, enquanto estava na Sicília, passou a desafiar a igreja com mais intensidade. Um exemplo disso é a obra A Ressurreição de Lázaro.

Neste quadro ele retrata com técnicas tenebristas o horror, à nudez e a morte. De acordo com matéria publicada na Reuters, a pintura choca porque mostra que “um braço esquerdo de Lázaro está mole, como se ainda estivesse morto, e seu braço direito está ligeiramente elevado, como se para receber a energia que dá a vida do dedo indicador de Jesus”, mas esse tipo de obra não era comum na época, porque não era permitido aos homens nem satirizar o sagrado, muito menos expor a nudez de um corpo exumado.

Inspirações para as obras

Diferentemente de seus contemporâneos, Caravaggio não queria relatar apenas o divino. Ele se identificava mais com a realidade que encontrava em sua vida boêmia do que com a vida segundo os mandamentos de católicos. Talvez por isso, durante o seu trabalho ele procurou alcançar uma realidade mais palpável, e concreta da representação do que via das ruas.

Um dos principais fatos conhecidos sobre a sua obra é à respeito da forma rude como as suas pinturas eram apresentadas. Entrando em contraste com outros contemporâneos, pois ao invés de buscar a “perfeição” e traços angelicais, ele utilizava como modelos figuras humanas convencionais, sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras. Essas características distinguem as suas obras das demais, mas o que atualmente parece visionário e surpreendente foi motivo de choque na época.

De acordo com artigo do blog Pintores Online os modelos usados para inspiração estavam entre comerciantes, prostitutas, marinheiros, enfim, “todo o tipo de pessoas que não eram de nobre estirpe e que tivessem grande expressão, como as suas obras retratam.” Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma. Confira algumas delas:

 

O trágico fim de um farrista inconsequente

Sua vida era caótica, suas confusões frequentes e seu comportamento complicado levaram a um final trágico, após uma carreira de pouco mais de uma década Caravaggio morreu em em julho de 1610, aos 38 anos em circunstâncias que por anos foram classificadas como desconhecidas, seu corpo permaneceu em local desconhecido para a família por séculos.

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