A arte da composição visual

A observação de uma pintura envolve muito mais do que cores, formas e linhas. Estamos enxergando também uma composição visual, a qual é o resultado da disposição dos elementos visuais na imagem.

A composição visual pode ser desenvolvida com estudo e prática e vai impactar as criações artísticas como pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias e cinema de um jeito único.

Neste conteúdo, vamos explicar melhor sobre o que é composição visual, quais são os seus fundamentos e como aplicá-los.

Continue a leitura!

O que é composição visual

A composição visual cria possibilidades que guiam o olhar do observador em relação a quais objetos ou figuras perceber primeiro, ou seja, é uma espécie de sequência de visualização.

De acordo com José María Parramón, um escritor e pintor, a composição visual é:

“No desenho ou na pintura, na arte figurativa, clássica, moderna ou abstrata, tal como na arte comercial ou na arte publicitária, a composição é sempre um fator primordial. Não é possível, na verdade, desenhar ou pintar um quadro — um bom quadro é claro —, sem contar com o fator composição, sem tomar em consideração a distribuição dos elementos, o equilíbrio e o ritmo entre umas e outras partes, o movimento e a organização de valores, com tudo isso, subordinado à unidade do tema, a um centro de interesse principal”.

Para Otto G. Ocvirk, um dos autores do livro “Fundamentos de Arte — Busca por uma nova dimensão espacial”, esse processo de organização é uma mistura de intuição com intelecto, e cabe ao artista organizar a experiência do observador, tal qual uma partitura guia os músicos: “assim como a partitura indica o tempo (a velocidade ou ritmo da música), a posição das notas, pausas e o grau do som a ser produzido, a composição visual controla os movimentos dos olhos na velocidade e na direção, fornece pausas e até manipula o volume (ao utilizar cores berrantes ou suaves, linhas em conflito ou figuras sutilmente relacionadas entre si”.

Abaixo vamos adotar as explicações de Otto G. Ocvirk, pautadas na obra “Fundamentos de Arte — Busca por uma nova dimensão espacial”.

A harmonia

Esse primeiro aspecto é o que orienta a coesão em um desenho ou pintura, mesmo que este seja formado por partes muito diferentes entre si. A harmonia é importante justamente para criar características em comum nesses elementos, que podem ser texturas, formas ou cores.

Segundo Ocvirk, repetir elementos é uma maneira de criar essa harmonia, o que também pode dar a obra um ritmo maior na sua leitura e, mais do que isso, esse ritmo evita a monotonia em um desenho.

Ainda dentro do fator ritmo, uma obra pode ser um padrão, por exemplo, que vai guiar a composição em sua totalidade.

A obra “A Entrega das Chaves”, de Pietro Perugino, do ano de 1481, é um exemplo de pintura que usa as repetições.

A variação

A variação é o contrário da harmonia em criações artísticas e sua função é criar contraste visual, para que o desenho ou ilustração não tenha um aspecto estático.

É o contraste, portanto, que consegue chamar a atenção para determinadas partes de uma obra. Ocvirk afirma que “intensificados os contrastes, as áreas envolvidas se tornam menos harmoniosas, porém mais entusiasmantes”.

Outro método presente na variação é a elaboração, que é capaz de incrementar um desenho com detalhes que fazem a diferença. O autor defende que a elaboração é o “aprimoramento ou embelezamento dos objetos já presentes na obra”.

A obra “Zebras”, do artista plástico Victor Vasarely, é um exemplo de uso de contraste.

O equilíbrio

Por fim, o equilíbrio é o elemento que balanceia elementos em uma ilustração, fazendo com que o artista opte pela harmonia ou pela variação na medida certa.

O posicionamento, tamanho, proporção e a direção dos elementos são pontos-chave no equilíbrio de uma composição visual.

Ocvirk segmenta o equilíbrio das seguintes maneiras:

  • Equilíbrio simétrico (formal): “quando as unidades visuais são exatamente as mesmas nos dois lados, obtém-se uma simetria pura”;
  • Equilíbrio simétrico aproximado: “o equilíbrio ainda é o objetivo, e a solução é semelhante, mas os componentes artísticos são diferentes em vez de idênticos”;
  • Equilíbrio radial: “as forças visuais são distribuídas em torno de um ponto central e irradiam a partir dele”;
  • Equilíbrio assimétrico (informal/oculto): “não envolve qualquer grau de simetria, mas o equilíbrio de forças horizontais, verticais e diagonais em todas as direções”.

Continue adentrando no universo das artes com a leitura dos conteúdos do blog da Grafitti Artes e nos siga nas redes sociais: Instagram e no Facebook.

Você pode gostar de...