Um pouco da história do Cinema brasileiro

Por incrível que pareça, da data de criação dos irmãos Louis e Auguste Lumière em 1895, até a chegada dessa invenção às terras tupiniquins, passou-se apenas um ano. Contudo, nesses 123 anos de história, o cinema brasileiro percorreu uma grande evolução. Em 19 de junho, comemora-se tradicionalmente o dia do Cinema Brasileiro e para celebrar essa data Grafitti Artes realizou uma súmula sobre a progressão da 7ª arte no Brasil, embasado no artigo de Daniela Diana.

Os primórdios do cinema

Paris, dezembro de 1985 Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière criam a primeira película, a invenção se tornou o que hoje conhecemos como cinema. Inicialmente eram apenas pequenos planos contínuos, muito distinto do que temos atualmente, sem cores, sons (que só surgiram em 1930) cortes ou efeitos especiais.

Quando foi primeira exibição cinematográfica no Brasil?

Em julho de 1896, quase no fim do século XIX os irmãos Louis e Auguste Lumière trouxeram para o Brasil a película “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière”. A exibição foi realizada na então capital do Brasil, o Rio de Janeiro.

Louis e Auguste Lumière

Os italianos e a primeira sala de cinema brasileiro

Curiosamente, a primeira sala foi fundada por meio do incentivo de outra dupla fraternal: os italianos Paschoal e Affonso Segreto. Em 1887, foi aberta ao público na capital carioca, a primeira sala de cinema. Os pioneiros nacionais também foram considerados os primeiros cineastas do Brasil. Suas gravações inaugurais  ocorreram na Baía de Guanabara em 1898.

Em 1899, foi a vez de São Paulo receber uma filmagem de Paschoal Segreto, em celebração à unificação da Itália. Contudo, somente no início do século XX a capital paulista recebeu sua própria sala de cinema, com o apoio de outro italiano Victor di Maio.

Quais foram os desafios para a produção nacional?

Não fora a criatividade que impediu a expansão do cinema no Rio de Janeiro. Nos anos iniciais da produção em nosso país era frequente a falta de energia. Esse problema só foi solucionado em 1907, com a implantação da Usina Ribeirão de Lages, no Rio de Janeiro. Após esse evento, os números de salas cresceram consideravelmente no Rio de Janeiro chegando à cerca de 20 salas de exibição.

Usina Ribeirão de Lages

Usina Ribeirão de Lages

O cinema brasileiro no século XX

Todas as primeiras películas brasileiras eram de caráter documental. Somente em 1907, o cineasta luso-brasileiro António Leal desenvolveu o primeiro filme de ficção nacional com a duração de 40 minutos: “Os Estranguladores”.

O primeiro longa metragem

Em 1914, foi exibido o primeiro filme com mais de duas horas de duração produzido no país, intitulado: “O Crime dos Banhados, do diretor português Francisco Santos.

crime dos banhados

O crime dos banhados

O cinema da década de 20 e a importância das revistas

1920, foi quando o cinema brasileiro atingiu grande expansão com as publicações das revistas de cinema: “Selecta” “Para Todos” e a “Cinearte” e ainda com produções que se espalham por vários cantos do país denominado os ciclos regionais.

Na década de 30 foi criado Cinédia, o primeiro grande estúdio cinematográfico do Brasil. De acordo com a autora, as três produções mais importantes dessa época foram:

  • Limite, de Mário Peixoto;
  • A voz do carnaval, de Admar Gonzaga e Humberto Mauro;
  • Ganga Bruta, de Humberto Mauro.

Filmes cômicos-musicais de baixo orçamento da Atlântida

Em 1940 surgiram os gêneros apelidados de “chanchadas”. E, em 18 de setembro de 1941 ocorre no Rio de Janeiro a criação da Atlântida Cinematográfica, por Moacyr Fenelon e José Carlos Burle.

As películas da época, de acordo com Daniela Diana, que merecem destaque são:

  • Moleque Tião;
  • Tristezas não pagam dívidas;
  • Carnaval no Fogo.

Os estúdios brasileiros

Em 1949 foi criado o estúdio Vera Cruz, baseado nos moldes do cinema americano, donde os produtores buscavam realizar produções mais sofisticadas. Mazzaropi foi o maior sucesso do estúdio. Vera Cruz também representou um marco na industrialização da cinematografia, do qual se destaca O Cangaceiro, o primeiro filme brasileiro a ganhar o festival de Cannes.  A autora pontua ainda que “Além disso, em 1954, quando a Vera Cruz faliu, surgiu o primeiro filme brasileiro a cores: “Destino em Apuros”, de Ernesto Remani. Note que em 1950 foi criado a primeira emissora de televisão do Brasil, a Tevê Tupi, e muitos atores da Vera Cruz passaram a atuar na Tupi.”

Destino em Apuros

Destino em Apuros, de Ernesto Remani.

O cinema “novo”

Na década de 1950, surgiram os precursores do Cinema Novo com a estreia de “Rio 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos. De caráter revolucionário, mas essa vértice só se consolidará na década seguinte, focado nas temáticas de cunho social e político.

Do cinema novo destacam-se as produções do cineasta baiano Glauber Rocha: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1968).

Entre a década de 1960 até o início de 1970 surge o cinema marginal, denominado de “Údigrudi”. Baseado no cinema experimental de caráter radical, destaca-se “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), dirigido por Rogério Sganzerla.

A criação da Embrafilme

Embrafilme (A Empresa Brasileira de Filmes, 1969-1982), foi fundada durante a ditadura militar e recebeu o apoio do governo vigente que tinha o intuito de utilizá-la como ferramenta para alcançar o controle estatal. Nesse contexto, Daniela explica que: “o Estado financiava as produções cinematográficas, e isso acabava dando espaço para as produções nacionais.”

O que foram a “Boca do Lixo” e os “pornochanchadas”

O cinema nos anos 70 foram marcados pelas produções paulistas de baixo custo. O movimento ficou conhecido como “Boca do Lixo”. Eles criaram comédias chamadas de pornochanchadas, baseada nas peças italianas e com forte teor erótico. O gênero teve enorme destaque na década, fazendo sucesso comercial no Brasil como por exemplo, na película “A Viúva Virgem” do cineasta Pedro Carlos Rovai.

O apogeu da pornochanchada

A pornochanchada sofreu um enorme declínio na década de 80 perdendo sua audiência para os filmes pornográficos hardcores, que ganharam mais espaço no Brasil e no mundo. Ainda que essa produção cinematográfica tenha sofrido declínio filmes como “Dona flor e seus dois maridos” (1976), do cineasta Bruno Barreto, demonstram o poder nas salas de cinema, com mais de 10 milhões de espectadores. Além desses, filmes de comédias como a turma dos “Trapalhões” atraem milhões de espectadores.

Dona flor e seus dois maridos (1976)

Dona flor e seus dois maridos (1976)

A crise do Cinema Brasileiro

Os videocassetes chegaram no Brasil na década de 80, e as locadoras se proliferaram. A época coincide com o fim da ditadura nacional, e desencadeia uma crise econômica que gera um grande declínio. As produtoras não tinham orçamentos o suficiente para arcar com os filmes, e os espectadores não podiam gastar com luxos como ir ao cinema.

De acordo com a autora, “com a chegada de Fernando Collor no poder, a crise se agrava. Além das privatizações, o novo presidente extinguiu o Ministério da Cultura, acabou com a Embrafilme, Concine e a Fundação do Cinema Brasileiro.” merecem destaque: “Jango (1984), de Silvio Tendler e Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho. ”

Cinema de Retomada

Depois de anos imersos na crise, na década 90 o cinema ganha força com a produção de novos filmes, por isso o período ficou conhecido como “Cinema de Retomada”. A produção de filmes volta a crescer. São criados festivais nacionais e a Lei do Audiovisual. Nessa década, merecem destaque as produções “O Quatrilho” (1995), de Fábio Barreto; “O Que é Isso Companheiro?”, de Bruno Barreto, “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” (1994) de Carla Camurati, o primeiro realizado pela Lei do Audiovisual e “Central do Brasil” (1998).

Século XXI e a pós-Retomada

No começo do século XXI, o cinema brasileiro conquista sucesso no cenário mundial, com filmes indicados para festivais e o Oscar. Exemplo, “Cidade de Deus” (2002) de Fernando Meirelles; “Carandiru” (2003) de Hector Babenco; e “Tropa de Elite” (2007) de José Padilha. Com a introdução da tecnologia nova 3D, as produções e quantidades de salas de cinema no país crescem cada vez mais. De acordo com a autora: “Alguns pesquisadores da área denominam o período como a pós retomada do cinema brasileiro, em que a indústria cinematográfica do Brasil se consolida.”

Gostou do artigo? Recomendamos também que você assista o vídeo da ArtCom, que reúne de forma sucinta as cenas mais marcantes do cinema brasileiro.

 

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